E como tudo começou...
Olá amigos leitores, tudo bom com vocês?
Vocês talvez estejam se perguntando sobre o que é este blog. Afinal, temos uma série de termos estranhos nas páginas, uma aparência aí meio sinistra no cabeçalho, e um título no mínimo exótico.
AKLO RPGs
Que tal eu começar falando um pouco sobre mim, e depois compartilhar um pouco da minha visão com vocês?
Meu nome é Jefferson Luiz, o Último Frei Careca, mestre cervejeiro, amante de hidromel, RPGista por vocação, mago aposentado, pai de família, pirata nas horas vagas, atualmente trabalhando a serviço do Grande Cthulhu, até o momento de seu despertar..
Ok, ok, eu sei que esta descrição é meio esquisita, mas vou fatiá-la e servi-la com uma caneca de boa cerveja.
Mestre Cervejeiro pelo fato que que, assim como vários outros pela web, e mesmo com alguns amigos, produzo cerveja artesanal em casa. Também sou um grande fã de hidromel (aquela bebida dos vikings e do Frei Tuk, feita com mel fermentado e especiarias!), absinto (que por sinal, também os produzo em casa, qualquer dia coloco fotos aqui no blog...)
Rpgista por vocação, pois lá nos idos do ano de 1995, eu fui apresentado à aquela que seria uma das minhas maiores paixões durante muitos anos: o RPG! Comecei jogando um boardgame chamado HeroQuest, lançado aqui no Brasil pela Estrela, passei cerca de 2 anos jogando este incrível jogo, que possuía vários elementos dos RPGs, mas não era um RPG de fato.
Aí, por volta do final de 1997, conheci aquele seria mais querido e preferido dos meus jogos, AD&D 2ªEd, ainda a edição publicada em 1989, e depois, no começo de 1999, consegui um Livro do Jogador, da Abril Jovem. Como eram legais estes livros! Logicamente, que meu salário de officeboy não era o suficiente pra comprar livros adoidado, mas sempre que eu achava alguma coisa na promoção, eu comprava! Daí, em 1999 mesmo, eu comprei dois dos livros que mais me marcaram depois do Ad&d: Vampiro a Máscara e Lobisomem o Apocalipse!
Na boa?! Ad&d era (e ainda é!) muito legal, porém, o Storyteller deu novos ares pros RPGs, com sua temática sobre Horror pessoal, seu clima mais sombrio e pesado, e seus personagens extremamente profundos e "humanos", por assim dizer. Daí, eu fui em busca de algo nesse estilo pro Ad&d 2ªEd, e eis que encontrei numa livraria Siciliano (atualmente, parte da Saraiva) o livro Ravenloft: Domínios do Medo, para Ad&d 2ªEd, traduzido e publicado pela Devir.
Mas foi no ano 2000, que minha vida e perspectiva rpgista tomou os rumos que sigo até hoje! Pois foi neste ano que eu tive contato pela primeira vez com a obra literária de HP Lovecraft, através do conto "Shadow Over Innsmouth", depois, uma coletânea dos contos do Lovecraft, traduzidos em sua maioria pelo Leonardo Suttana; e após, li o livro "O Caso de Charles Dexter Ward", da L&M Pocket. Pra um adolescente de 16 anos, aquilo foi o máximo! Foi nesse momento que acordei para as estórias e livros de terror/horror fantástico. Vários foram os autores que me inspiraram, mas nenhum conseguiu se equipar a HP Lovecraft, com seus Mythos e personagens humanamente plausíveis.
Cara! Era simplesmente demais! Fiquei fascinado com a obras do HP Lovecraft, com toda a onipresença alienígena, seus lugares misteriosos e sombrios escondidos pela Terra, em como os Mythos eram assombrosos e gigantescos, totalmente diferente de tudo aquilo que eu já havia lido até então. E pensei comigo: Cara, isso deve ficar muito legal numa aventura de RPG! E eis que pesquisando um pouco mais, descobri que isso já existia! O jogo de RPG "Call of Cthulhu" já havia sido publicado pela Chaosium, em 1981, inclusive havia ganhado prêmios de melhor jogo, melhor cenário e outros. Mas, como tudo aquilo que desejamos, e nem sempre temos, o livro só existia em inglês e importado, coisa que na época, fugia ao meu alcance adquirir, fui atrás de algo que pudesse suprir esta falta. E eis que Ravenloft, que já se encontrava em minhas mãos, foi o escolhido.
Que melhor cenário de campanha havia então pra ser adaptado e moldado à realidade sombria dos Mythos, do que a sombria e enevoada Ravenloft?! E durante muito tempo, convenci e conduzi meus jogadores (é, eu ja era um mestre de jogo nessa época...) por uma Ravenloft sombria e povoada por criatura dos Mythos. E mesmo que Ravenloft existisse numa época diferente a maioria dos contos do HP Lovecraft, fiz dela a minha Terra dos Sonhos (Dream Lands), com seu habitantes das Profundezas, seus culto malignos e seus horrores ocultos nas brumas...
Logicamente, eu nunca deixei de ler sobre Lovecraft, e seus modelos, como Edgar Allan Poe, Arthur Machen, e mesmo os que vieram depois como Robert E. Howard, Clark Ashton Smith, e alguns contemporaneos, como Stephen King, Clive Baker, Umberto Eco, Anne Rice, e outros que me fogem a memória agora, e todos, sem exceção, influenciaram meus gostos, sejam literários, musicais e como jogador/mestre.
Em paralelo a isso, meus interesses filosóficos e religiosos também evoluíram, com certeza inspirados por estes grandes escritores, o que de certa forma moldou os tipos de amizades que eu procurava e fazia, e também o tipo de companhia que eu tinha além dos meus gostos por bebida e comida.
Mas, em 2007, devido a problemas familiares, optei por morar um tempo com minha avó paterna, e me mudei pra um cidadezinha do interior de SP; onde, com o passar dos dias, foi me enturmando e conhecendo o pessoal nativo, fiz alguns amigos, mas quase ninguém conhecia o RPG, e o poucos que conheciam, não curtiam o mesmo tipo de jogatina que eu. Isso, aliado ao começo de um novo trabalho, fizeram com que eu deixasse o RPG de lado um pouco.
Em 2009 conheci minha atual melhor amiga/namorada/esposa/jogadora, nos casamos, tivemos um filho, e agora, no ano de 2013, voltei a jogar!
Aliás, minha esposa não conhecia nada sobre RPG quando a conheci, aos poucos, fui conversando e explicando, ela foi ouvindo, mas não quis jogar no começo. Porém, depois de ficar por perto acompanhando algumas sessões de jogo, me perguntou se poderia jogar conosco!
E foi agora no final de 2013 que resolvi começar este blog, onde vou sempre que possível, dividir com vocês que estão lendo, minhas idéias, minhas perspectivas, minhas aventuras e tudo o mais relacionado aos jogos que curto, e obviamente, jogo! Também vou compartilhar com vocês minhas experiências e aventuras com a produção artesanal da Grande Deusa Cevada, senhora da CERVEJA!
Só comentando, AKLO foi um idioma/linguagem criado pelo escritor Arthur Machen, no seu conto "The White People", sob o contexto de ser uma linguagem ancestral, capaz de disparar efeitos mágickos, habilidades e capacidades nos que a escutam, expandindo e aumentando a visão do mundo dos mesmos. E mesmo tendo sido mencionado na referida estória uma única vez, impressionou de tal forma a HP Lovecraft, que o mesmo o citou em pelo menos duas histórias, "Shadow Over Innsmouth" e "Call of Cthulhu", também relacionados a mistérios e segredos sombrios e incompreensíveis aos seres humanos. Numa obra mais recente, Neonomicon, do mago Allan Moore, um dos personagens, ao escutar um encantamento em aklo, desperta para toda uma nova realidade, incompreensível e alienígena, que os faz enlouquecer irremediavelmente, uma vez que a nova percepção não pode ser "despercebida".
Indo além, acredito no RPG como uma linguagem que atinge a parte mais profunda da mente, a IMAGINAÇÃO.
Qual seria então, o poder combinado do AKLO, misterioso, ancestral, incompreensível, aliado a ponte para o reino da imaginação que o RPG nos dá?
Bom galera, termino aqui, deixando com vocês uma citação do célebre HP Lovecraft:
"Uma das maiores bênçãos do mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todos os seus conhecimentos."