segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ressonador: Despertando para novos mundos

Boa noite, meus jovens amigos.

Após terem visto a resenha do filme "From Beyond" (Do Além), adaptado do conto homônimo de HP Lovecraft, imagino que muitos de vocês esteja se perguntando: afinal, como este Ressonador poderia ser usado em minhas campanhas de RPG?



Afinal, vocês devem ter percebido que aqui no AKLO RPGs, falamos muito sobre RPG, jogos narrativos e temas relacionados de alguma forma ao Terror e ao Fantástico, sempre pensando de que forma podemos usar isto numa mesa de jogo; por isso, muitas das minhas postagens são voltadas para os Narradores/Mestres/Guardiões, mas isso não quer dizer que aqueles que gostam serem jogadores, não possam aproveitar as idéias que aqui compartilho.

E pensando nisso, hoje eu vou falar um pouco sobre as formas e os meios que os PJs podem ampliar seus sentidos da realidade fantástica e horrível que os cerca.

E nada melhor do que o Ressonador, do conto "Do Além".



"Alerta de Spoilers: Se você ainda não leu o conto, nem assistiu o filme, as informações a seguir poderão estragar o prazer de fazer a ambos, porém, eu pessoalmente não ligo pra spoilers.

Alerta dado, podemos continuar nossa jogatina!"

O Ressonador é um artefato "científico/fantástico" construído pelo cientista Crawford Tillinghast, cujo objetivo era ser capaz de entender o universo em sua totalidade, em todas as suas várias camadas e dimensões possíveis de existir; mesmo que para isso, tivesse que abandonar seus limitados sentidos humanos.



E para tal, o dr. Crawford Tillinghast construiu uma máquina capaz de estimular a desconhecida glândula pineal, a qual são creditadas várias capacidades fantásticas, mesmo que a nossa ciência moderna ainda não tenha de fato comprovada a suas funções.

A Glândula Pineal e suas funções

Há algumas décadas, acreditava-se que a glândula pineal fosse um órgão vestigial (assim como o apêndice vermiforme em humanos), sem função atual. No entanto, mesmo órgãos vestigiais podem apresentar alguma função, ocasionalmente diferente da função do órgão do qual se originou. Aaron Lerner e colegas da Universidade de Yale descobriram que a melatonina está presente em altas concentrações na pineal. A melatonina é um hormônio derivado do aminoácido triptofano, que tem outras funções no sistema nervoso central. A produção de melatonina pela pineal é estimulada pela escuridão e inibida pela luz.

A glândula pineal é grande na infância e reduz de tamanho na puberdade. Parece ter um papel importante no desenvolvimento sexual, na hibernação e no metabolismo e procriação sazonais. Acredita-se que os altos níveis de melatonina em crianças inibem o desenvolvimento sexual, e tumores da glândula (com consequente perda na produção do hormônio) foram associados a puberdade precoce. Após a puberdade, a produção de melatonina é reduzida, e a glândula frequentemente está calcificada em adultos.

Relatos em roedores sugerem que a glândula pineal pode influenciar a ação de drogas de abuso como a cocaína e antidepressivos como a fluoxetina; e pode também contribuir na regulação da vulnerabilidade neuronal a lesões.

A pineal na filosofia, no espiritualismo e no misticismo 

Esquema de funcionamento da glândula pineal segundo Descartes (1641)

Onde está a chave central?
A glândula pineal tem sido considerada - desde René Descartes (século XVII), que afirmava ser a glândula o ponto da união substancial entre corpo e alma - um órgão com funções transcendentes. Além de Descartes, um escritor inglês com o pseudônimo de Lobsang Rampa, entre outros, dedicaram-se ao estudo deste órgão.

Com a forma de pinha (ou de grão), é considerada por estas correntes religioso-filosóficas como um terceiro olho devido à sua semelhança estrutural com o órgão visual. Localizada no centro geográfico do cérebro, seria um órgão atrofiado em mutação com relação em nossos ancestrais.

Os defensores destas capacidades transcendentais deste órgão, consideram-no como uma antena. A glândula pineal tem na sua constituição cristais de apatita. Segundo esta teoria, estes cristais vibram conforme as ondas eletromagnéticas que captassem, o que explicaria a regulação do ciclo menstrual conforme as fases da lua, ou a orientação de uma andorinha em suas migrações. No ser humano, seria capaz de interagir com outras áreas do cérebro como o córtex cerebral, por exemplo, que seria capaz de decodificar essas informações. Já nos outros animais, essa interação seria menos desenvolvida. Esta teoria pretende explicar fenômenos paranormais como a clarividência, a telepatia e a mediunidade. Em Missionários da Luz, obra espírita psicografada por Chico Xavier atribuída ao espírito André Luiz, a epífise é descrita como a glândula da vida espiritual e mental que caracteriza um órgão de elevada expressão no corpo etéreo onde presidem os fenômenos nervosos da emotividade, devido a sua ascendência sobre todo o sistema endócrino, e desempenha papel fundamental no campo sexual (no terreno concreto, tal função é apontada desde 1958 e, atualmente passou a ser amplamente aceita em terreno concreto); é descrita ainda como ligada à mente espiritual através de princípios eletromagnéticos do campo vital (o que até agora a ciência formal não pode identificar), comandando as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade.

Apesar da vida após a morte não estar provada através do método científico; em artigo publicado na revista científica Neuroendocrinology Letters em 2013, cientistas compararam conhecimento médico recente com doze obras psicografadas pelo médium Chico Xavier atribuídas ao espírito André Luiz e identificaram nelas diversas informações corretas altamente complexas sobre a fisiologia da glândula pineal e que só puderam ser confirmadas cientificamente cerca de 60 anos após a publicação das obras. Os cientistas ressaltaram que o fato de que o médium possuía baixa escolaridade e não era envolvido no campo da saúde levanta questões profundas sobre as obras serem ou não fruto de influência espiritual.

O psiquiatra brasileiro Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, neurocientista, defende em pesquisas que a glândula pineal seria o órgão sensor que capta as informações por ondas eletromagnéticas devido as propriedades dos cristais de apatita, que as converteriam em estímulos neuroquímicos de forma análoga à antena do aparelho celular para sinais eletrônicos.

Já na visão dos hindus, é o principal órgão do corpo, possuidor de dois chacras ou centros de energia responsáveis pelo desenvolvimento extra-físico, como receptores e transmissores de energia vital: o chacra do terceiro olho, central na testa, acima da altura dos olhos, e o chacra coronário, mais superior, também na cabeça.


Ok, obrigado Wikipédia pelas informações valiosas.

Partindo do pressuposto que a glândula pineal não seja apenas um orgão vestigial, e sim um orgão sensorial atrofiado (para efeitos de narrativa), podemos assumir que bastaria que ela fosse estimulada e desenvolvida, como a visão ou mesmo os músculos dos braços, para que pudéssemos ter uma percepção ampliada da realidade e do universo que nos cerca.

Mas, assumindo que não estejamos sós no Universo, e que existam diferentes formas de vida, em diferentes dimensões de existência, o que veríamos (ou perceberíamos? hum...), caso conseguíssemos desenvolver esta glândula? Que tipo de realidade se abriria aos olhos dos personagens e que tipo de história poderíamos contar?!

O Ressonador tanto pode ser um objeto construído por mãos humanas, como no conto; como pode ser um artefato científico super avançado, encontrado pelos PJs em ruínas antigas, como templos ou cidades perdidas, como também pode ser entregue aos PJs por um PdM misterioso (alienígena? cultista?? ou outro cientista insano???). Ele funcionará com qualquer fonte de energia possível aos PJs, bastando ser conectado aos dois cabos que saem de sua base (positivo e negativo).

O Ressonador num primeiro momento, precisa de alguma fonte de energia externa, porém, após estar funcionando por 7 rodadas, ele começa a gerar sua própria energia, sendo impossível desligá-lo simplesmente retirando sua fonte de energia, sendo necessário destruí-lo. Enquanto estiver ligado, emite um campo de influência com 7 metros de raio, onde todos os personagens dentro deste raio serão influenciados, e passarão a ter a habilidades listadas abaixo, sendo que a mesmas aumentam neste escala, a cada duas rodadas de exposição ao ressonador. O PJ manterá esta habilidades, por 48 horas após se afastar do campo de ação do Ressonador (raio de 7 metros a partir do próprio dispositivo). o Ressonador só começa a influenciar os PJs a partir da 3ª rodada em funcionamento, e durante todo o tempo de funcionamento, ele emana uma aura verde-azulada.

Vish, as Trevas ganharam vida...
Seu funcionamento é silencioso.

Pra efeitos de jogo, vamos assumir que este despertar passa por 7 fases distintas, com suas vantagens e desvantagens:

1ª Novas cores e vibrações (3ª Rodada)

Vantagens: O PJ passa a enxergar o espectro ultra-violeta e todas as cores relacionadas a ele, dando a todos os objetos que possuam eletricidade uma aura azulada, e os seres vivos passam a ter uma aura amarela-avermelhada.
Desvantagens: A luz do sol passa a ser muito intensa, causando dores de cabeça extremas, enjoos e tontura. O personagem somente consegue recuperar PVs se estiver num local totalmente escuro, ficando impedido de recuperá-los durante o dia.

2ª Novo espectro de sons e formas (5ª Rodada)

Vantagens: O PJ passa enxergar o "universo" em volta dos objetos, com suas pequenas realidades individuais, seus micro-cosmos, povoados por toda sorte de criaturas que o Narrador/Guardião/Mestre quiser.
Desvantagens: Alguns objetos dão pequenos choques no personagem, fazendo com que o mesmo venha a derrubá-los  no chão. Em alguns casos, o choque causa 1 ponto de dano.

3ª Visão expandida (7ª Rodada)

Vantagens: O Pj consegue enxergar outras realidades e situações, que por vezes se parecem deslocadas no espaço-tempo, incluindo pessoas que o PJ conheceu durante sua vida.
Desvantagens: A realidade começa a ficar confusão, obrigando o PJ a realizar constantes testes de Int (Space Dragon), Int (OSR) e Força de Vontade (Trevas)

4ª Novas formas de vida (pequenas e inofensivas) (9ª Rodada)

Vantagens: O PJ passa a ver e ser visto por pequenas criaturas multi-dimensionais, inofensivas individualmente, porém curiosas e maldosas, que irão começar a seguir o personagem durante a duração do efeito, interagindo com o ambiente que o cerca, porém, visíveis apenas para ele e outros afetados pelo Ressonador.
Desvantagens: Estas criaturas, ao interagirem com objetos, tendem a danificá-los temporariamente, as luzes se apagam na presença delas, computadores falham e reiniciam sozinhos, causando pequenos atrasos e imprevistos para o PJ.

5ª Novas formas de vida (médias e hostis/agressivas) (11ª Rodada)

Vantagens: O PJ passa a ver e ser vistos por criaturas do tamanho de uma cão adulto, invariavelmente agressivas e aparentemente irracionais, que a principio, vão ignorar o personagem, até que o mesmo dê as costas para elas.
Desvantagens: As criaturas vão atacar em toda oportunidade que tiverem, na intenção de devorar o personagem; elas são imunes a armas normais, sendo somente possível causar danos a elas com itens mágicos ou fogo. Dano a critério do Narrador/Guardião/Mestre, porém, sem ultrapassar 1d10+1 individualmente.

6ª Novas formas de vida (grandes e vorazes) (13ª Rodada)

Vantagens: O PJ passa a "enxergar formas de vida/existência maiores e agressivas, muitas destas malignas e inteligentes, que estão sempre com fome; porém, algumas delas tentarão seduzir o PJ a se unir a elas, numa forma de vida, mais completa e poderosa. Caso aconteça, o jogador perderá o controle do personagem.
Desvantagens: Caso o PJ se recuse a se fundir, será atacado por estas criaturas, cuja descrição e poderes ficam a cargo do Narrador/Guardião/Mestre. o PJ começará a sofrer mutações em seu corpo e sentidos, como o crescimento da glândula pineal, que sairá pela testa do PJ, formando uma espécie de antena; outras mudanças a cargo do Narrador/Guardião/Mestre. O PJ também passa a sentir uma grande necessidade de se alimentar de cérebros, na verdade, do hipotálamo e da glândula pineal, sejam animais ou humanoides, porém, com predileção por cérebros humanoides.

7ª Visão do Infinito (insanidade temporária ) (15ª Rodada em diante)

Vantagens: O PJ passa a enxergar O Além, em toda a sua magnitude e estranheza, permitindo ao mesmo ir de um ponto ao outro no espaço-tempo na velocidade do pensamento, desde que seja capaz de "enxergar" o seu destino.
Desvantagens: Pra cada rodada nesse estado, o PJ precisa realizar um teste de Sanidade (CoC), Loucura (OSR) ou Força de Vontade (Trevas), com redutor de -1 a cada rodada, cumulativo. Caso falhe em qualquer dos testes, o personagem ficará preso entre as realidades dimensionais, não podendo voltar até que o Ressonador seja destruído. O PJ não pode mais enxergar o ressonador com um objeto, ficando cego para o mesmo.

Prato do dia: miolos!


Para Space Dragon
Aparato científico de 7º NT

Criado por uma raça desconhecida, o Ressonador se revela um objeto simples, de aparência ..., que somente pode ser acionado por um Homus Novus ou um Mentálico, que irá se ligar sozinho ao ser tocado, e somente pode ser desligado se tiver sua parte esférica destruída (15 pvs).

Enquanto estiver ligado, emite uma aura com 7 metros de raio, onde todos os personagens dentro deste raio serão influenciados, e passarão a ter Poderes Mentálicos, relacionados nas Vantagens e Desvantagens listados acima, que desaparecem em 48 horas após o PJ sair do raio de ação do Ressonador.

Para Call of Cthulhu/Chamado de Cthulhu

Artefato tecnológico alienígena, criado pela raça dos Grandes Antigos, foi descartado como ferramenta de evolução da espécie como um todo, e é utilizado como forma de testar novas espécies, como o Homem. Irá se ligar sozinho ao ser tocado, e somente pode ser desligado se tiver sua parte esférica destruída (15 pvs)

Enquanto estiver ligado, emite uma aura com 7 metros de raio, onde todos os personagens dentro deste raio serão influenciados, e passarão a ter Poderes Psíquicos, relacionados nas Vantagens e Desvantagens listados acima, que desaparecem em 48 horas após o PJ sair do raio de ação do Ressonador.

Para Trevas/Arkanun

Artefato místico, criado pela Anjos de Metropolis, foi feito como ferramenta de prazer da espécie como um todo, e é utilizado como forma de testar novas espécies, como o Homem. Irá se ligar sozinho ao ser tocado, e somente pode ser desligado se tiver sua parte esférica destruída (15 pvs)

Enquanto estiver ligado, emite uma aura com 7 metros de raio, onde todos os personagens dentro deste raio serão influenciados, e passarão a ter Poderes Sobrenaturais, relacionados nas Vantagens e Desvantagens listados acima, que desaparecem em 48 horas após o PJ sair do raio de ação do Ressonador.

"Quer dizer que você tinha poderes? Conte-me mais..."
O objetivo dos PJs, ao serem confrontados com o Ressonador, poder ser bem variado:

- Eles podem decidir estudar o artefato, para melhor compreende-lo, tal qual no jogaço Dead Space com o seu Marker;


- Eles podem ser encarregados de transportar o artefato, de um planeta ao outro, e durante a viagem, o Ressonador se ligar sozinho, afetando a todos os que estiverem no transporte;


- Destruir o artefato permanentemente, uma vez que o Ressonador se repara sozinho depois de 21 anos estelares; ou


- Utilizá-lo como arma silenciosa, para eliminar os inimigos deles (a abordagem que eu acho mais terrível para um artefato tão peculiar quanto o Ressonador!).




Bom amigos leitores, depois de tudo isso dito, acredito que tenhamos bastante informação útil para os nossos jogos de Horror.

Fico por aqui, qualquer dúvida, critica ou sugestão, comentem!

Até a próxima realidade!