"Quando uma pessoa morre de forma violenta e cheia de ódio e tristeza, as emoções sobrevivem à morte, deixando uma mancha no local, e uma Maldição nasce. Ela cresce e se torna cada vez mais forte, e todos que entram em contato com ela, se tornam parte dela."
Ju On (The Grudge).
Vocês devem ter percebido que eu sou um grande fã de J-Horror (filmes e estórias de horror do Japão), e hoje, vou falar sobre este filme, também japonês, cuja história e desenvolvimento da trama são impressionantes.
Ju On (The Grudge/O Grito - título no Brasil), dirigido por Takashi Shimizu, foi lançado em 11/02/2002, pela Toei Video Company, com cinematografia de Nobuhito Kisuki. O roteiro é de Takashi Shimizu e Bobby White.
Estrelado por Megumi Okina, Misaki Itô, Misa Uehara, Yui Ichikawa, Kanji Tsuda, Kayoko Shibata, Yukako Kukuri, Yuya Ozeki, Takako Fuji.
Vou ser honesto com vocês: eu infelizmente assisti primeiro a versão americana do filme O Grito, e somente 6 meses depois, assisti o original japonês. Se vocês ainda não assistiram o filme japonês, assistam preparados para passarem mal. De verdade.
Ju On é simplesmente um dos melhores filmes no gênero de fantasmas vingativos/maldições contagiosas que eu assisti até hoje. Inclusive, uma ex minha chegou a fazer o nº1 nas calças quando assistiu comigo da primeira vez. Realmente sinistro!
A história é bem original, porém, relativamente confusa, pois são diferentes narrativas focadas em personagens diferentes: Toshio, Yuki, Mizuho, Kanna, Kayako e Kyoko, onde o ponto em comum é a casa onde a maldição habita/existe/dorme/espera.
As histórias se entrelaçam, avançam e volta no tempo, tornando a investigação e a descoberta dos motivos por trás da maldição cada vez mais instigantes e intricados. É preciso prestar atenção pra não se perder na narrativa.
No final, todos se tornam parte da maldição.
Mas a forma como isto acontece, e é contado pelo diretor é fantástica. Em alguns momentos, você começa a torcer pelos personagens, daí, um novo fato surge, nos fazendo duvidar da real boa intenção dos envolvidos nos acontecimentos que seguem.
A forma como os "sustos" surgem é tão dramática e inesperada, que realmente me peguei dando alguns pulos do sofá, e cheguei até mesmo a engasgar com a cerveja num momento escabroso.
Hoje não vou contar muito da história do filme, pois acredito que realmente estragaria o barato de vocês que vão assistir, mas posso citar alguns momentos realmente interessantes.
Um deles, quando uma das personagens encontra Kaiako enrolada em plástico, presa no forro do telhado, é tão tensa, e a trilha sonora que acompanha tão "atmosférica", que acabamos entrando na cena e ficando nas pontas dos pés junto a japonesinha que faz a descoberta. Mesmo sabendo que aquilo vai acabar muito mal, é impossível não torcer por ela na hora que a coisa esquenta.
Outro, é quando a assistente social encontra Toshio, o menino perdido e seu gato preto, tenta ajudá-los a encontrar seus pais. Até o gato é sinistro nesta cena! O que acontece na sequencia é bem interessante e assustador.
Outra cena memorável é quando a jovem Kyoko vai examinar a casa para seu irmão, que trabalha numa corretora de imóveis. Kyoko é sensitiva, e percebe que a casa possui muitas energias negativas, chegando a se "encontrar" com a Kaiako. É assistir pra entender.
Minha opinião
Ju On conseguiu aquilo que apenas poucos filmes chegaram perto de fazer: me deixar incomodado em ficar sozinho no escuro. É, poucas coisas conseguem realmente me deixar incomodado, e uma delas é Ju On.
Começando pelos atores, todos nipônicos, temos alguns já conhecidos, como a Megumi Okina e o pequeno (na época, hoje já um adulto) Yuya Ozeki, famosos no cinema e televisão do Japão. Todos os atores estão muito bem nos seus papéis, alguns inclusive de fato assustadores, como a atriz Takako Fuji, no papel de Kaiako.
Assustadora!
A trilha sonora também é bem interessante. Assim como em outros filmes dirigidos por Shimizu, é uma trilha minimalista e eficiente, ficando evidente apenas nos momentos de descontração, e praticamente desaparecendo nos momentos de tensão, dando lugar a sons ambientes totalmente sinistors.
A fotografia do filme é tipica do gênero, sendo em sua maior parte composta por belas tomadas internas, mostrando o dia-a-dia no japão, em locações como a escola, as casas de alguns dos personagens, e a mais importante, várias cenas dentro da casa amaldiçoada.
Os efeitos especiais são relativamente modestos, se comparados a versão americana, porém, são extremamente competentes em seu objetivo: assustar o telespectador! A caracterização da atriz Takako Fuji, que faz o papel de Kaiako , é realmente perturbadora, nos causando a impressão de ser algo que realmente poderia aparecer para nos pegar a qualquer momento.
Curiosidades
- O personagem Toshio é quase sempre visto com seu gato. Na vida real, o garoto que o interpreta, Yuya Ozeki, tinha pavor desse animal;
- O estalos assustadores que acompanham o aparecimento da garota fantasma foram feitos com um pente de cabelo;
- O filme teve várias sequências, mas nenhuma se compara ao original, apesar de existirem dois longas lançados exclusivamente para a televisão japonesa.
Bom galera, recomendo a todos que assistam de mente aberta e não tentem correlacionar todos os fatos e situações apresentados logo de cara. Assistam a primeira vez para curtir os sustos e as belas montagens de cena. Depois, assistam de novo, prestando muita atenção aos diálogos, pra daí tentar desvendar todo o mistério que cerca aquela casa amaldiçoada.
Aliás, recomendo que vocês assistam primeiro ao Ju On, o original japonês, que é o foco desta resenha, pra depois assistir (se quiserem) ao americano, que é um remake, com várias mudanças no enredo, e com efeitos especiais mais grandiosos, porém, sem a tensão sempre presente no original.
Bom filme e bons sustos!