terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

D&D: Ravenloft - Domínios do Medo (Review)

E aí, meus amigos desbravadores de aventuras e dados, tudo nos conformes???

Neste mês de Fevereiro, estamos falando sobre D&D, e seus vários cenários, tanto no RPG de mesa, quanto nos eletrônicos. E um dos cenários que mais mexeu comigo lá nos anos 90 foi Ravenloft - Domínios do Medo.


E adivinhem só do que vou falar hoje? Isso mesmo, Ravenloft! Vocês conhecem o maior vilão de D&D, o infame Conde Strahd Von Zarovich?

Ravenloft é um cenário de campanha para o jogo de RPG Dungeons & Dragons. É um local existente num tempo-espaço alternativo, conhecido como uma dimensão "bolsão" chamada Semiplano do Pavor, que consiste em uma coleção de várias partes de terra, arrancadas de outros universos do D&D, como GreyHawk, Forgotten Realms, DarkSun e outros, chamados de Domínios reunidos por uma força misteriosa conhecida apenas como "Os Poderes Sombrios" ou "Brumas". Cada domínio é misticamente governado por um ser amaldiçoado, conhecido de "Lorde das Trevas".

Cada um destes seres malditos foi escolhido pelos Poderes Sombrios por seu atos malignos e cruéis, em muitos casos, envolvendo familiares e amigos próximos, como no caso do Conde Strahd Von Zarovich, Senhor da Baróvia, que por durante décadas lutou contra os temíveis Tergs, bárbaros invasores das terras de seu povo e família, finalmente os derrotando, e assumindo seu lugar como Rei. Porém, anos de luta deixaram um gosto amargo em Strahd, cobrando um preço muito alto, fazendo-o parecer um velho, mesmo que ainda fosse relativamente jovem.

Strahd se apaixonara por Tatyana, uma jovem de seu povo, que o via como seu Senhor e salvador, mas ainda sim, um velho, se apaixonando pelo irmão mais novo de Strahd. Mas Strahd não aceitava este fato, e jurou que iria faze-la sua, para tanto, fez um pacto com os Poderes Sombrios, e se transformou em um Vampyr, e no dia do casamento de seu irmão, arrancou sua noiva, Tatyana, dos braços dele e tentou transformá-la em uma vampira a força. Porém, ela se jogou do alto da sacada da mais alta torre do Castelo Ravenloft, caindo num abismo de sombras, e nunca teve seu corpo encontrado.



Em sua tentativa malograda e pavorosa, Strahd teve seus feitos malignos reconhecidos pelos poderes Sombrios, e foi retirado de sua terra natal, que ficava em algum outro mundo (ou cenário de D&D nunca identificado), e foi "agraciado" com um Domínio próprio, Baróvia, fundando o Semiplano do Pavor.

E deste momento em diante, os Poderes Sombrios foram "colecionando" cada vez mais personalidades e lugares malignos... 


Os Poderes Sombrios


Os Poderes Sombrios (ou Brumas) são uma força malévola que controla o Semiplano do Pavor. Sua natureza exata e sua quantidade são propositalmente mantido vagos, permitindo o desenvolvimento da trama, de acordo com a tradição gótica da narrativa, onde os heróis são frequentemente ultrapassados e quase sempre estão em menor número, por forças desconhecidas do mal, invariavelmente fora de seu controle.


Os Poderes Sombrios são conhecidos apenas por uns poucos estudiosos e sábios, sendo impossível definir sua origem, suas motivações ou mesmo sua aparência. Quando resolvem se manifestar, é quase sempre através de Brumas que sobem do chão, ou vem dos arredores, fechando tudo a volta dos jogadores, praticamente isolando-os do resto do Semiplano.


Muitos dos principais Lordes de Domínios serão velhos conhecidos dos jogadores mais experientes. Vecna, Lord Soth, Kas o Destruidor, Hazlik, e outros, são sempre uma fonte interminável de aventuras e horror, o mais puro e maligno horror imaginável!!!

Puro Horror gótico...

Em sua maioria, todos estão aprisionados em Ravenloft tanto quanto os personagens jogadores, sendo praticamente impossível escapar do Semiplano. E como, ou os jogadores nascem em Ravenloft, ou são trazidos de outros mundos, a maioria não quer ficar...

Claro que para os nascidos em Ravenloft, sair normalmente não é uma opção válida, ou mesmo conhecida. Normalmente, é apenas uma lenda, contada pelos mais velhos, pra manter a esperança dos mais jovens...

Em Ravenloft, quase todas as raças estão representadas, com exceção dos gnomos e dos dragões, que não existem no semiplano. Inclusive, existe uma raça nativa para os Jogadores, chamada meio-Vistani.

Uma das novidades que Ravenloft trouxe foram os Testes de Medo, Horror e Loucura, utilizados em jogo pra determinar o que acontece com o personagem do jogador quando ele encontra uma criatura ou situação aterrorizante, e de que formas isso afetaria o comportamento do personagem e suas ações, normalmente pra pior, trazendo pra dentro do jogo os efeitos do pânico e do medo, como tremedeira, suor frio e crises de ansiedade.

Existem também os Testes de Poder, uma forma do DM punir os jogadores, por atos malignos perpetrados com ou sem intenção de prejudicar. Como Ravenloft é um semiplano regido por forças do Mal, é normal que estas mesmas forças recompensem atos malignos, sejam com novas habilidades, sejam com fraquezas, sempre em detrimento do Bem, aflorando o mal de cada um...

Isso sem falar nos monstros, que em Ravenloft, são mais espertos, mais fortes, mais rápidos e mais malvados!

Primeira edição lançada em formato livro pela Devir, nos final dos anos 90...

Então, vale a pena jogar?


Vocês devem ter reparado que todos os livros/sistemas/cenários que eu comento aqui, eu recomendo, falo bem, puxo o saco e talz, e a verdade não podia ser outra!

Se eu li, joguei e curti, com certeza eu vou falar aqui no AKLORPGs e vou recomendar, e com Ravenloft não poderia ser diferente. Regras concisas com o contexto do Horror Gótico, personagens históricos marcantes, com personalidades e passados ricos e profundos, um cenário incrível, com uma atmosfera terrível (de boa!), sombria e sinistra, onde a esperança é fraca e minguante, os maus são recompensados e normalmente ganham, onde os personagens jogadores estão sempre em desvantagem e em menor número...

A derrota das forças do bem parece iminente...

Recomendadíssimo!!!
Deixo com vocês uma passagem do jogo, o Memorial de Strahd:

“Eu sou o Antigo, eu sou a Nação. Minhas origens estão perdidas nas trevas do passado. Eu era o guerreiro. Eu era bom e justo. Eu ribombava pela terra como a fúria de um deus justo, mas os anos de guerra e os anos de matança corroeram a minha alma como o vento desgasta a pedra até sobrar apenas areia. Toda benevolência se esvaiu de minha vida; toda minha juventude e vigor foram embora e tudo que me restava era a morte.

Meus exércitos se estabeleceram no vale de Baróvia e estabeleceram o poder sobre esse povo em nome de um deus justo, mas sem nada que lembrasse a graça e a justiça de um deus. Eu convoquei minha família, há muito tempo longe de seu antigo trono, e os trouxe para residir no Castelo Ravenloft. Eles chegaram com meu irmão mais novo, Sergei. Ele era belo e juvenil. E eu o odiava por isso.

Sergei havia encontrado entre as famílias do vale um desses espíritos cujo brilho se destaca de todos os outros: uma rara beleza, a qual foi chamada de “perfeição”, “júbilo” e “preciosidade”. Seu nome era Tatyana e eu desejava que ela fosse minha. Eu a amava do fundo de meu coração. Eu a amava por sua juventude. Eu a amava por sua alegria.

Mas ela me rejeitava! “Old One” era o meu nome para ela – assim como “Elder” e “irmão”. Seu coração era de Sergei. Eles estavam apaixonados. A data do casamento já estava marcada.

Com palavras ela me chamava de “irmão”, mas quando eu olhava em seus olhos, eles refletiam outro nome: “morte”. A morte que vinha com o envelhecimento era o que ela via em mim. Ela amava sua juventude e a desfrutava, mas eu havia desperdiçado a minha. A morte que ela via afastou-a de mim, então eu comecei a odiar a morte, a minha morte. Meu ódio era muito forte; eu não seria chamado de “morte” tão cedo.

E assim fiz um pacto com a própria Morte, um pacto de sangue. No dia do casamento, matei meu irmão, Sergei. O pacto foi selado com seu sangue.

Encontrei Tatyana soluçando nos jardins a leste da Capela. Ela fugiu de mim! Não me deixou explicar, enquanto uma fúria enorme crescia dentro de mim. Ela tinha que entender o pacto que eu havia feito por ela. Ela correu, eu a persegui. Por fim, em desespero, ela se atirou dos muros de Ravenloft e eu assisti tudo que havia desejado em minha vida escapar de minhas mãos para sempre.

Era uma queda de mais de trezentos metros, mergulhando nas brumas. Nenhum vestígio dela jamais foi encontrado. Nem mesmo eu sei qual foi seu destino.

Flechas vindas dos guardas do castelo atravessaram minha alma, mas eu não morri. Nem vivo estava. Eu havia me tornado um morto-vivo, para sempre.

Tenho estudado muito desde então. “Vampyr” é meu novo nome. Ainda desejo juventude e vida, e amaldiçoo aqueles que vivem e negam meus desejos. Até mesmo o sol é contra mim. E é ao sol e a luz que mais temo. Além disso, pouco mais pode me ferir agora. Nem mesmo uma estaca em meu coração seria capaz de me matar, ela apenas impossibilitaria meus movimentos.

Tenho procurado por Tatyana muitas vezes. Quando sinto que ela está em minhas mãos, ela escapa. Ela me provoca! Ela me insulta! O que mais será necessário para eu conseguir subjugar seu amor a mim?”

- Conde Strahd von Zarovich, Senhor de Baróvia


por Jefferson Luiz.